4ª Mesa de Trabalho Preparatória ao Fórum da Mulher Indígena (GRUMIN)

Apoio: FUNDO GLOBAL PARA MULHERES
Assumindo o "espirito guerreiro" que tanto temos orgulho em dizer que faz parte de nossa ancestralidade.
O FÓRUM DA MULHER INDÍGENA marcará a participação de nós mulheres indígenas na história de nosso País e principalmente na história de luta de nosso Povo!
Bem vindo ao Blog do Fórum da Mulher Indígena!


4ª Mesa Preparatória ao Fórum da Mulher Indígena, junho 2009, apoio UFRJ e Fundo Global p/ Mulher

4ª Mesa Preparatória ao Fórum da Mulher Indígena, junho 2009, apoio UFRJ e Fundo Global p/ Mulher
Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Aconteceu a 4ª Mesa de Trabalho ao Fórum da Mulher Indígena

Sob a chancela da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ e do Fundo Global para Mulheres, mulheres indígenas de diversas etnias do Brasil, reuniram-se nos dias 03 e 04 de junho para defenir estratégias para o Fórum da Mulher Indígena que será realizado no Rio de Janeiro em novembro de 2009 onde pretendem reunir mulheres Indígenas de todo o Brasil e de fora dele. Elas garantem estar assumindo o "espirito guerreiro" que tanto tem orgulho e inauguram um novo filão para seus pares! Mas este encontro não foi marcado por indígenas desnudas como poderia imaginar a mente poética da população da cidade do Rio de Janeiro. São mulheres Indígenas Doutoras, Mulheres da mata e do campo, Mestres, Professoras,Advogadas, Pajés, Sociólogas, Estrategistas, Artesãs, Artistas, Escritoras indígenas e tantas mais que lutam para manter preservada a sua cultura. Entre elas, destacamos a fortaleza de: Maria de Fátima Conceição (Povo Potyguara) pajé e líder comunitária na Paraíba, Conselheira do GRUMIN; Eliane Potiguara/remanescente Potiguara - RJ/ Professora - Diretora/ Presidente da Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas e Diretora do Inbrapi/ Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual/Numin e Nearin; ÂngelaKaingang - Instituto Kaingang e líder comunitária, Silvia Nobre Wajãpi/Amapá -Estrategista e Fisioterapeuta, Conselheira da Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas e membro do GAE- Grupo de Assuntos Estratégicos e GTMA /RJ; Maria das Dores do Prado (Dora Pankararu)/S. Paulo -Pedagoga/Puc; Luciana Belfort Kaingang /RioGrande do Sul - Representante do NEARIN/ Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas; Jupira Sobrinho - da Associação deMulheres Indígenas/S. P.; Evanisa Mariano da Silva - Povo Terena/Mato Grosso doSul; Jacira Monteiro - Povo Tupi Guarani- Terapeuta e líder espiritual/Conselheira da Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas e Chirley Pankara/SP, formada em Pedagogia. Elas discutiram temas como Inserção Social, Lei 11.645/08, Cotas em Universidades, Saúde, Lei Maria da Penha, Declaração da ONU, Convenção 169/OIT, Educação Indígena e principalmente suas participações no cenário político e nas decisões em suas aldeias. O FÓRUM DA MULHER INDÍGENA pretende marcar a participação de mulheres indígenas na históriado Brasil e principalmente na história de luta de seu Povo! Cunhã-Uasu Muacasáua (Mulheres Fortes e Unidas). Contribuição de texto: Silvia Nobre Wajãpi
http://www.grumin.org.br/
E-mail:grumin@grumin.org.br

terça-feira, 31 de março de 2009

Mulheres Indígenas no contexto sócio educacional brasileiro


Aconteceu no dia 09/03/2009 no auditório Horácio Macedo na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) pela ocasião das comemorações do Dia da Mulher, o evento “Mulheres Indígenas no contexto sócio educacional brasileiro”, apoiado pelo Centro de Estudos Afrânio Coutinho/Faculdade de Letras.

Organizado pela UFRJ e a Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas os participantes discutiram sobre a inserção da mulher indígena no mercado de trabalho, sobre saúde e educação; sobre a violência e o preconceito sofrido ainda hoje; trouxeram suas próprias experiências e seus exemplos de conquista.

O evento aconteceu somente para indígenas do Rio de Janeiro, como as guaranis da Aldeia de Paratimirim e de Camboinhas, indígenas da ocupação do antigo Museu do Índio e indígenas que vivem na cidade, entre outros indígenas, como uma prévia da Quarta Mesa de Trabalho Rumo ao Fórum Nacional da Mulher Indígena para novembro de 2009. Essa Mesa de Trabalho acontecerá no início de junho com a participação de indígenas de outros Estados e três indígenas internacionais.

Envolvidos com o tema e com o apoio e presenças dos homens indígenas, Cristino Wapixana do Nearin (Núcleo de escritores e artistas indígenas) do INBRAPI (Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual) homenageia as mulheres com trechos de seu poema e sua flauta:

“Mulher morena, amarela, vermelha, parda, branca pele, peso leve. É brisa branda, ventania, belas formas, linda lua, soberana estrela nua!”.

Tini-á Fulni-ô disse que no seu povo a sociedade é matriarcal, e nos contou histórias sobre a força feminina fulni-ô. Disse que aos nove anos de idade perguntou à sua mãe como ele nasceu. Seus pais mostraram-lhe naturalmente a beleza do ato sexual, que é um ato de amor, e logo depois lhe contaram que foi assim que ele nasceu, comparando a mulher à terra. Já a líder guarani de Camboinhas, Dona Lídia disse que as mulheres da sua aldeia ouvem seus conselhos, pois no seu povo o mais velho é respeitado e passa valores aos mais jovens. A curandeira disse contente junto às suas filhas presentes, que no próximo evento falará bem mais, e se desculpou por não dominar a língua portuguesa. A professora Vera Kauss, uma das organizadoras do evento, ressaltou a importância de se registrar e publicar as histórias indígenas, que trazem o conhecimento, a sabedoria dos povos indígenas, tão necessária à sociedade ocidental. Também foi importante a fala das jovens guarani, de Paratimirin. Evaneide falou sobre a importância do curso que está fazendo de reciclagem de papéis, onde tivemos a oportunidade de ver uma bela agenda feita no referido curso. A jovem guarani nos disse que dos cinco alunos do curso, ela é a única mulher.
Evanilde nos contou sobre o treinamento da saúde da mulher guarani, do qual ela participou. Ela respondeu a perguntas do público sobre métodos anticoncepcionais, que não são aceitos pela comunidade. Ela nos disse que o pré-natal é feito com sucesso na aldeia. Silvia Nobre Wajãpi fez um oportuno comentário sobre a fala da jovem guarani, dizendo que hoje o infanticídio tem diminuído com relação às crianças que nascem com deficiências nas aldeias, pois são realizados tratamentos médicos com essas crianças, para que se tornem saudáveis. A fala de Silvia foi confirmada pela agente de saúde guarani. A professora Nelilda Ormond, umas das organizadoras do evento disse que o que importa é que este evento será registrado, estando a universidade ciente da realização do mesmo e que está fazendo todo o empenho para apoiar os eventos do GRUMIN e NEARIN. Eliane Potiguara apresentou os instrumentos jurídicos nacionais e internacionais como caminhos para a garantia dos direitos das mulheres indígenas, além de citar os avanços após a Constituinte de 1988 e avanços após a Declaração Universal dos Direitos Indígenas que ajudou a escrever nas décadas passadas, além de agradecer o “finca pé” que estão realizando como parceria com a UFRJ. O líder Darci Guarani enfatizou a importância dos cânticos e coral indígenas, assim como Xohã frisou os traços, o design indígena como uma marca da ancestralidade. O evento ocorreu num clima de muita paz e respeito entre todos e todas. Tajira Kilima secretariou o evento e recolheu assinaturas para a constituição dos “AMIGOS DO GRUMIN”. O GRUMIN, UFRJ e parceiros partem agora para a realização da 4ª Mesa de Trabalho Rumo ao Fórum Nacional da Mulher Indígena, para início de maio de 2009.

Release escrito por ELIANE POTIGUARA*

* Escritora, professora e ativista indígena coordenadora do GRUMIN e Diretora do INBRAPI

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

III Mesa Preparatória ao Fórum Nacional das Mulheres Indígenas Rumo 2009

Passado, Presente e Futuro: Mulheres Fortes e Unidas

À primeira impressão, um tímido encontro. Aos poucos foram chegando e já não havia lugar naquela mesa reservada a dez ou doze pessoas na sala de reunião do UNIFEM– Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher. Com papel, caneta, notebooks e os adereços que simbolizam a força de cada etnia, as representantes dos diversos povos indígenas no Brasil chegaram à sede da agência da ONU, em Brasília, para a preparatória do Fórum Nacional de Mulheres Indígenas programado para meados de 2009.

Organizadas pela Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas, para um debate sobre a realização do Fórum Nacional, as vozes femininas começaram a ecoar. Elas discutiram sobre a inserção da mulher indígena no mercado de trabalho, sobre saúde e educação; sobre a violência e o preconceito sofrido ainda hoje; trouxeram suas próprias experiências e seus exemplos de conquista (a exemplo do movimento pela consciência negra) e compartilharam informações sobre a luta no dia-a-dia das "parentes", dentro das comunidades e na batalha urbana.

Como resultado desse primeiro encontro, e da Mesa de Trabalho de Itaipu-RJ/maio de 2008, formou-se a Comissão Executiva para a realização do Fórum, em 05 de agosto de 2008 com representação da Coiab, Inbrapi, Grumin, Conami, Apoinme, Instituto Kaigang, Warã e se consolidou o intercâmbio entre as organizações de mulheres indígenas com a criação do Blog temático e a abertura de um grupo de discussões no sistema yahoo: http://br.groups.yahoo.com/group/forumnacionaldamulherindigena/

Outro aspecto a ser estudado foram os aportes financeiros para a infra-estrutura de qualquer ação em prol das mulheres, sejam elas indígenas ou não. "A questão de gênero não está sendo considerada", observa Eliane Potiguara, organizadora do encontro pelo GRUMIN, ao alertar para a necessidade de articulação entre as organizações indígenas no momento de captar recursos junto aos órgãos competentes. Uma das questões mais importantes para o sucesso do Fórum em 2009, segundo Eliane, é o envolvimento integrado das organizações: "como unir esforços, iniciativas, pessoas e como captar recursos em cada região?". Por enquanto, algumas foram apoiadas pelo Unifem, uma veio por si própria (sua organização ou seus recursos) e algumas chegaram a Brasília depois de muita estrada, sem nenhum suporte financeiro, como foi o caso da representante do povo Kaingáng, Ângela Kanigáng, que enfrentou mais de 30 horas numa viagem de ônibus, para participar do encontro. "Se não fosse a dificuldade financeira estaríamos muito mais organizadas", afirma Ângela ao fazer um alerta: "Nossa responsabilidade está crescendo a cada dia!".


Segundo Maria Inês Barbosa, do Programa Gênero, Raça, Etnia e Pobreza da UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher), que abriu o encontro "Cunhã-Uasu Muacasáua - MULHERES FORTES E UNIDAS", é preciso ter consciência de que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, fato que se torna ainda mais evidente se for analisado sob a ótica racial e étnica. Especialmente sobre a violência contra a mulher, Maria Inês lembra que na trajetória da herança cultural feminina existem "marcas que devem servir de força e reflexão".

Único homem a participar entre as mulheres, o escritor Cristino do NEARI (Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas) trouxe a boa nova das negociações com a UERJ para a implementação da 1ª Universidade Indígena do país. Ele reafirma a necessidade de registro e formação de conhecimento para a valorização da luta feminina indígena, o que é confirmado por Silvia Wajãpi, ao evidenciar especialmente a problemática da inserção das crianças indígenas nas escolas urbanas e sua luta por oportunidades equiparadas. Maria Miquelina Tukano e Mirian Terena lembram que a luta não traz benefícios apenas para uma comunidade ou uma representação dos povos indígenas. Aparecida Bezerra e Ceiça Pitaguary trouxeram de suas comunidades exemplos do engajamento político e social de suas comunidades.

A representante do povo Funiô, Maria Aureni, fez um desabafo em seu depoimento: "Minha mãe me criou com a intenção de lutar, com a voz que ela não teve, mas nossa trajetória tem rendido muito choro e muitos calos", conta Aureni. Trazendo a mesma herança de luta, Fernanda Jófei Kaingáng, do Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual reverencia, na figura de Ângela Kaigang, o conhecimento de seu povo e, também lamenta o descaso diante da riqueza cultual dos povos indígenas: "eu cresci vendo esse processo e infelizmente não estamos conseguindo enfrentar a situação. Estou ao lado de uma das maiores especialistas em nutrição Kaingáng , enquanto muitas crianças estão morrendo de fome", lamenta Fernanda ao relembrar a necessidade de união das mulheres em prol das futuras gerações. Por isso, no próximo mês de setembro, essas "Mulheres Fortes e Unidas" se encontram, novamente em Brasília, para formalizar e fazer um levantamento do que já tem sido trabalhado para o fórum de 2009. Enquanto isso, a discussão continua online e por telefone. Acompanhe e participe!

Foto e Texto: Ana Inês - Repórter Free


Parceiros Indígenas da Rede GRUMIN de Mulheres Indígenas
Coiab, Inbrapi( Nearin e Numin), Grumin, Conami, Apoinme, Warã e Instituto kaigang

Para maiores contatos:
(021) 2577-5816 e (021)9335-5551
E-mail: elianepotiguara@grumin.org.br